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Empresários já veem sinais de melhora na economia, mas pedem mais ações do governo

A economia já dá sinais de melhora, mas a retomada será lenta e só irá se consolidar se for acompanhada por medidas efetivas, como a aprovação de reformas estruturais e a retomada dos investimentos em infraestrutura, entre outras. Essa é, na média, a opinião dos dirigentes – empresários e executivos – das 25 campeãs setoriais do anuário Valor 1000.

“O Brasil é um país que sempre vai crescer, em que a gente acredita, estamos aqui há dezenas de anos e vamos ficar pelos próximos cem ou mais, vamos continuar investindo”. disse Bernardo Paiva, presidente da Ambev, escolhida como empresa do ano da 17ª edição do anuário, lançada ontem no Hotel Unique, em São Paulo. O evento premiou as empresas de melhor desempenho em 25 setores e teve a presença do ministro Henrique Meirelles, da Fazenda. Ele afirmou que a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em março deste ano, será compensada, possivelmente com alguma mudança de alíquota que compense a perda de receita, mantendo a carga tributária, sem elevá-la, e demonstrou ainda confiança na agenda de reformas.

“A aprovação da reforma trabalhista mostra que reformas continuam”, afirmou. Questionado sobre se o teto de gastos sobrevive em 2018 e 2019 sem a reforma, ele afirmou que a idade mínima precisa ser aprovada na reforma da Previdência, mas admitiu que o governo tem medidas na manga caso isso falhe. Ele disse, no entanto, que não é momento de falar sobre o assunto.

“Temos pronto um mapa de medidas, que não é o momento de discutir ou apresentar, caso a Previdência não seja aprovada. Vamos discutir outros passos, mais estruturais. Na medida em que a economia volte a se recuperar, teremos superávits cada vez maiores”, afirmou. Meirelles fez ainda coro com os empresários ao dizer que “a recuperação da economia está surpreendendo positivamente”.

Para o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, já é possível notar sinais de recuperação. “Temos o caso de uma empresa coligada, a VLI, onde que já começamos a ver uma retomada da atividade de transporte de carga geral”, afirma. Para ele, a redução dos juros e da inflação tem ajudado na recuperação. Porém, diz, “seria interessante” se o país avançasse nas reformas, melhorando a situação fiscal. Os sinais de melhora são visíveis, mas ainda tímidos, na visão de Cristiano Teixeira, presidente da Klabin. “Já começam a aparecer, mas precisamos de consistência e maior visibilidade da economia doméstica.”

Teixeira diz que a companhia tem registrado crescimento acima de 3%, em função da especificidade de suas operações, caracterizada, principalmente, pela flexibilidade nos negócios e mix de produtos. Para o executivo, a retomada da atividade se dará quando houver um ambiente favorável, com melhora do investimento, geração de emprego e renda. Isso depende de um cenário político melhor, que favoreça as reformas e influencie a confiança.

A retomada não é exuberante, mas é visível, com impacto na confiança de empresas, consumidores e investidores, afirma José Galló, presidente da Lojas Renner. “Os setores lentamente vão irradiando seu crescimento e fazendo com que se tenha uma melhora da economia”, afirma. Para Galló, a queda dos juros ajuda na retomada da atividade e a da inflação tem recuperado o poder aquisitivo da população. “São três variáveis que têm influência na economia: juros, inflação e desemprego. As três estão melhorando”.

O país precisa prosseguir com as reformas, acelerar o programa de privatização e cortar os gastos correntes, afirma Claudio Bergamo, CEO da Hypermarcas. “O próximo presidente deveria ter uma agenda modernizante para o país, dando continuidade às reformas, ao controle da situação fiscal e à redução do tamanho do Estado ‘operador’, com aumento da produtividade dos serviços públicos”, afirma.

A reforma fiscal e a estabilização do cenário político serão fatores-chave para acelerar a retomada da atividade, defende Angelo Brazil, diretor-presidente da Arlanxeo, fabricante de borracha sintética. “O país tem bases sólidas para voltar a crescer e registrar as fortes demandas de anos atrás”, afirma.

O presidente do conselho de administração da Baterias Moura, Edson Viana Moura, diz ainda não ter percebido sinais de melhora na economia. Para ele, a retomada pode ocorrer com privatização de estatais.

A estabilidade política e a segurança regulatória são os dois fatores “indispensáveis para a atração de investimentos”, diz o presidente da Copersucar, Paulo Roberto de Souza. Para ele, a atividade demonstrou até agora “sinais tímidos de melhora” e é preciso intensificar a “agenda de reformas” para “recuperar o tempo perdido”.

Para a direção da fabricante de elevadores Atlas Schindler, há perspectivas de retomada econômica, ainda que gradual, neste semestre. “Acreditamos em crescimento moderado na demanda por novos equipamentos”, diz o diretor técnico e de suporte, Marcello Delano.

O presidente da concessionária Renovias, Rogério Cezar Bahú, considera ainda tímidos os sinais de retomada, mas entende que, “depois de uma série bastante longa de queda no tráfego, principalmente de veículos comerciais, começam a aparecer os primeiros sinais de recuperação”. Para ele, é preciso uma injeção de recursos em infraestrutura.

O governo precisa aprovar “logo” as reformas em curso, principalmente a da Previdência, para acelerar a retomada da atividade, defende Marcos Giombelli, diretor da MA Máquinas Agrícolas. Ele defendeu redução da dívida pública e ampliação dos investimentos em infraestrutura para a retomada.

Fonte: Valor Econômico

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