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Competitividade do brasil tem melhora sutil, diz estudo

Carlos Arruda, da Dom Cabral: país tem “mudança pontual, nada significativa” O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) considera que o Brasil interrompeu neste ano a tendência de queda no ranking global de competitividade. Ganha uma posição e fica no 80º lugar entre 137 países. Isso ocorre apesar de incertezas sobre reformas, de o país ter a maior desconfiança pública nos políticos entre as 137 nações pesquisadas, de ser o penúltimo pelo peso de regulação governamental (136º) e um dos últimos em relação à eficiência dos gastos governamentais (133º ante 128º no ano passado). O Relatório Global de Competitividade, publicado pela entidade que organiza o Fórum de Davos, nos Alpes suíços, coloca o país atrás até da Albânia (76ª posição) na comparação internacional, o que não deixa de surpreender. O Brasil também é superado por sete países na América Latina. Em 2012, o Brasil ocupava a 48ª posição no ranking. Em maio, um outro relatório de competitividade mundial, publicado pelo IMD, uma das mais reputadas escolas de administração do mundo, sediada na cidade de Lausanne, na Suíça, apontara a queda pelo quinto ano consecutivo da competitividade do Brasil. O país ficou na 61ª posição – no ano passado estava na 57ª -, à frente apenas de Mongólia e Venezuela. Além disso, o país foi apresentado como o segundo mais corrupto entre todos os pesquisados, atrás apenas da Venezuela. A Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, colabora tanto com o IMD como com o Fórum Econômico Mundial na elaboração dos relatórios concorrentes e explica que são usadas metodologias diferentes. O IMD usa somente dados estatísticos e reflete o passado. Já o estudo do WEF é dois terços baseado na percepção de empresários. O fórum entrevistou 14.375 executivos em todas as regiões do mundo. “Nossa leitura é positiva, com a percepção de empresários apontando uma mudança muito pontual no Brasil, nada significativo, mas que está na boa direção”, diz Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, exemplificando com a Operação Lava-Jato, reforma trabalhista e tentativa de redução de gastos. Para o economista Daniel Gomez Gaviria, especialista em América Latina do WEF, a explicação para a melhora do Brasil no ranking em uma posição é de que o país já estava tão baixo que a alta em indicadores, como ligeira recuperação econômica e fortalecimento das instituições, influenciou o resultado. No pilar de instituições, considerado básico para a competitividade, o país subiu 11 posições, com destaque para a independência do Judiciário com melhora de 20 posições. No pilar de infraestrutura, perdeu uma posição e continua estagnado. No ambiente macroeconômico, ganhou duas posições. Nos indicadores considerados potencializadores de eficiência, o país melhorou em alguns e continuou estagnado em outros. No grupo de inovação e sofisticação dos negócios, sobretudo, os executivos ouvidos no país têm uma percepção bem positiva do que fazem. Na inovação, o país teve a maior alta, de 15 posições, incluindo capacidade de inovar (mais 19 posições), qualidade das instituições de pesquisa científica (ganho de 9 posições) e despesas das empresas com pesquisa e desenvolvimento (ganho de 12 posições. “O positivo é que as empresas estão apostando em inovação”, afirma o professor da Dom Cabral. “O que é ruim ainda é a qualidade da educação e do treinamento, muito deficiente. O Brasil precisa investir nas pessoas”, diz ele. A tributação aparece como o fator mais problemático para se fazer negócios no Brasil, seguido de regulação trabalhista restritiva, corrupção e ineficiência da burocracia governamental. O país fica em último lugar em relação aos efeitos da tributação em incentivos para trabalhar. A incerteza política e ausência de outras reformas continuam também a inquietar executivos dentro e fora do país. Sem surpresa, os países mais competitivos do mundo, no ranking do Fórum de Davos, são Suíça, EUA e Cingapura. A competitividade também é maior nos demais países que compõem o grupo do Brics: China (27ª posição), Rússia (38ª), Índia (40ª) e África do Sul (61ª). O relatório aponta três conclusões: primeiro, o setor financeiro globalmente continua vulnerável após dez anos da deflagração da pior crise economica dos últimos tempos. Segundo, mais países gastam com inovação, mas com benefícios limitados, já que concentrados em alguns “clusters”. E terceiro, a competitividade é reforçada quando combina flexibilidade no mercado do trabalho com uma proteção adequada dos direitos dos trabalhadores para se ajustarem à automatização e robotização. E dá para conviver com alto nível de emprego e baixa desigualdade social.

Fonte: GS Notícias

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